MERCADANTE E IDELI ELEGERAM COLLOR. E É FÁCIL PROVAR
Por Reinaldo Azevedo,
Quem pôs o ex-presidente Fernando Collor na Comissão de Infraestrutura do Senado? Posso provar que os responsáveis, à diferença do que parece, são os senadores petistas Aloizio Mercadante (SP) e Ideli Salvatti (SC). ESSES DOIS SOUBERAM FAZER AS ALIANÇAS ESPÚRIAS QUE RESULTARAM NA VOLTA DE FERNANDO COLLOR À RIBALTA. Vocês verão por quê. Antes, pretendo dar umas chicotadas na minha própria “catchiguria”.
Um dos efeitos mais deletérios da chegada do PT ao poder é o rebaixamento da qualidade média do jornalismo. A esmagadora maioria dos “coleguinhas” se considera de esquerda e vota no partido, demonizando as demais legendas. E notem: nem me refiro à decisão ou deliberação de distorcer o noticiário em favor do PT. A questão é mais grave: boa parte dos repórteres e analistas simplesmente não consegue pensar fora da pauta e dos parâmetros petistas. É claro que há malandros — os venais e os ideológicos — que fazem o jogo partidário. Mas, reitero, boa parte da distorção nasce mesmo de uma espécie de estúpida inocência.
O PMDB, com sua fome pantagruélica, decidiu avançar sobre um território que é reserva de mercado do petismo e da CUT: os fundos de pensão. Ora, quem lesse boa parte da imprensa na semana passada e começo desta ficaria com a impressão, especialmente por meio do colunismo amigo, que se travava no Real Grandeza a luta entre o Bem e o Mal. Nada disso! Era apenas a disputa entre a máquina de manipular dinheiro público do PMDB e a máquina de manipular dinheiro público do PT. Jornais, revistas, sites, rádios, TVs foram colocadas a serviço do petismo: “Oh, salvem o Real Grandeza das mãos do PMDB”. Pois é. Foi salvo. Ficou na mão do PT. E não há evidência empírica de que petistas sejam mais éticos do que peemedebistas. Na edição desta quarta, felizmente, o Estadão voltou a lembrar quem, afinal, de contas, dá as cartas nos fundos de pensão das estatais: os cadáveres políticos adiados José Dirceu e Luiz Gushiken.
“Ah, Reinaldo, então o certo teria sido deixar pra turma do Lobão?” Nem lobos nem raposas. O certo teria sido não ser ingênuo e ter dado às coisas o nome que elas têm.
De volta ao Senado
Ontem, ao longo do dia, mais uma vez, parecia que as forças do atraso — nada menos do que Fernando Collor, o ex-presidente que renunciou para não ser impichado — estavam de volta, lutando contra a progressista Ideli Salvatti. E quem apareceu, sob os holofotes, com mais microfones à boca do que Ronaldo, O Fenômeno, em sua volta contra o Itumbiara? Ele, o homem, o mito, o símbolo, a legenda: Aloizio Mercadante!!! Não teve dúvida! Denunciou a “aliança espúria” entre o PMDB e o PTB para tomar um cargo que, disse, pertence ao PT. Bem, pra começo de conversa, não pertence. Ou estaria com o PT. O comando das comissões segundo o tamanho das bancadas é, digamos, uma tradição, não uma lei. E Renan Calheiros, sabemos, é um homem que costuma assombrar tradições, inovando sempre. Ainda me lembro daqueles dias em que ele se referia à sua amante grávida como “a gestante”.
Pra começo de conversa, como esquecer que o PMDB de Renan é uma das garantias da base gigantesca de Lula no Congresso — no Senado, um pouco mais apertada, é fato. Mas Lula deve saber por que, na Casa, conta com o apoio de Fernando Collor e com a oposição de Jarbas Vasconcelos, não é mesmo? O PTB de Collor é o partido do companheiro José Múcio, ministro das Relações Institucionais. Como pode ser “espúrio” um acordo entre duas legendas da base tão paparicados pelo próprio presidente?
Tropa de choque
Mas, até aqui, só temos uma parte da graça. Ideli Salvatti, elogiada por Collor como uma mulher que cisca para dentro, e Mercadante, que acusou o “acordo espúrio” — com o apoio do PSDB, é claro (já falo disso) —, INTEGRARAM A TROPA DE CHOQUE QUE SALVOU O MANDATO DE RENAN CALHEIROS.
Um dos efeitos mais deletérios da chegada do PT ao poder é o rebaixamento da qualidade média do jornalismo. A esmagadora maioria dos “coleguinhas” se considera de esquerda e vota no partido, demonizando as demais legendas. E notem: nem me refiro à decisão ou deliberação de distorcer o noticiário em favor do PT. A questão é mais grave: boa parte dos repórteres e analistas simplesmente não consegue pensar fora da pauta e dos parâmetros petistas. É claro que há malandros — os venais e os ideológicos — que fazem o jogo partidário. Mas, reitero, boa parte da distorção nasce mesmo de uma espécie de estúpida inocência.
O PMDB, com sua fome pantagruélica, decidiu avançar sobre um território que é reserva de mercado do petismo e da CUT: os fundos de pensão. Ora, quem lesse boa parte da imprensa na semana passada e começo desta ficaria com a impressão, especialmente por meio do colunismo amigo, que se travava no Real Grandeza a luta entre o Bem e o Mal. Nada disso! Era apenas a disputa entre a máquina de manipular dinheiro público do PMDB e a máquina de manipular dinheiro público do PT. Jornais, revistas, sites, rádios, TVs foram colocadas a serviço do petismo: “Oh, salvem o Real Grandeza das mãos do PMDB”. Pois é. Foi salvo. Ficou na mão do PT. E não há evidência empírica de que petistas sejam mais éticos do que peemedebistas. Na edição desta quarta, felizmente, o Estadão voltou a lembrar quem, afinal, de contas, dá as cartas nos fundos de pensão das estatais: os cadáveres políticos adiados José Dirceu e Luiz Gushiken.
“Ah, Reinaldo, então o certo teria sido deixar pra turma do Lobão?” Nem lobos nem raposas. O certo teria sido não ser ingênuo e ter dado às coisas o nome que elas têm.
De volta ao Senado
Ontem, ao longo do dia, mais uma vez, parecia que as forças do atraso — nada menos do que Fernando Collor, o ex-presidente que renunciou para não ser impichado — estavam de volta, lutando contra a progressista Ideli Salvatti. E quem apareceu, sob os holofotes, com mais microfones à boca do que Ronaldo, O Fenômeno, em sua volta contra o Itumbiara? Ele, o homem, o mito, o símbolo, a legenda: Aloizio Mercadante!!! Não teve dúvida! Denunciou a “aliança espúria” entre o PMDB e o PTB para tomar um cargo que, disse, pertence ao PT. Bem, pra começo de conversa, não pertence. Ou estaria com o PT. O comando das comissões segundo o tamanho das bancadas é, digamos, uma tradição, não uma lei. E Renan Calheiros, sabemos, é um homem que costuma assombrar tradições, inovando sempre. Ainda me lembro daqueles dias em que ele se referia à sua amante grávida como “a gestante”.
Pra começo de conversa, como esquecer que o PMDB de Renan é uma das garantias da base gigantesca de Lula no Congresso — no Senado, um pouco mais apertada, é fato. Mas Lula deve saber por que, na Casa, conta com o apoio de Fernando Collor e com a oposição de Jarbas Vasconcelos, não é mesmo? O PTB de Collor é o partido do companheiro José Múcio, ministro das Relações Institucionais. Como pode ser “espúrio” um acordo entre duas legendas da base tão paparicados pelo próprio presidente?
Tropa de choque
Mas, até aqui, só temos uma parte da graça. Ideli Salvatti, elogiada por Collor como uma mulher que cisca para dentro, e Mercadante, que acusou o “acordo espúrio” — com o apoio do PSDB, é claro (já falo disso) —, INTEGRARAM A TROPA DE CHOQUE QUE SALVOU O MANDATO DE RENAN CALHEIROS.
Vocês se lembram das evidências que havia contra Renan, não é mesmo? E o que Ideli dizia a respeito? Ora, nada melhor do que ler o que ela disse em sua página oficial: “É muito difícil julgar uma questão que não pode ser esclarecida por inteiro, pois as confirmações das investigações necessárias para se decidir sobre a culpabilidade de Renan não puderam ser comprovadas pelo Conselho de Ética. Para isso, seria necessária a quebra de sigilo telefônico, bancário e fiscal do senador e o conselho não teve poder para realizá-los.” Singela ela, né?
E Mercadante?
Reproduzo trecho da reportagem da VEJA da semana em que Renan foi salvo da cassação pelos petistas:
De volta a Brasília, José Sarney e Walfrido decidiram pela tacada final. Ainda do avião, um Legacy da FAB, Walfrido conversou com o senador Aloizio Mercadante, e Sarney passou o recado às lideranças no Congresso. Alertaram sobre o placar apertado e combinaram de procurar Renan com a seguinte proposta: caso ele sinalizasse que se afastaria temporariamente do cargo após a votação, o governo e o PT trabalhariam no plenário para absolvê-lo. Já era madrugada de quarta, dia da votação, quando o grupo desembarcou na base aérea. Sarney levou a proposta de afastamento ao presidente do Congresso, que, de início, hesitou, mas acabou aceitando depois de receber a garantia de que não haveria traição entre os petistas. Ficou combinado que os senadores petistas iriam se abster, uma forma de identificar o voto. Nas contas dos aliados, era preciso convencer ao menos dez senadores a fechar com a absolvição. No plenário, coube ao senador Mercadante difundir a versão de que a cassação de Calheiros se resumia a uma disputa política que só interessava à oposição. Os petistas, porém, não precisam mais de justificativa alguma. "Com discursos assim vocês da oposição nunca vão ganhar da gente", ironizava o senador petista João Pedro, criticando abertamente os que defendiam a cassação. Uma semana antes, o próprio João Pedro havia votado contra Renan Calheiros no Conselho de Ética.
Querem que eu desenhe? Mercadante enterrou seus 10 milhões de votos absolvendo Renan Calheiros. A íntegra da reportagem da VEJA está aqui. Mais uma vez, vi setores da imprensa bastante arrepiados com o retorno de Fernando Collor à ribalta, como se o petismo houvesse sido alvo de uma grande conspirata e, de súbito, encarnasse ali a ética na política contra as “alianças espúrias”. Convenham: é preciso ter senso de ridículo. Aquele mesmo que, com freqüência, falta também ao PSDB, é bom notar.
No começo da madrugada, no Jornal da Globo, vi Mercadante, o salvador de Renan, ao lado de Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB no Senado, numa espécie de alinhamento dos éticos contra a dupla Renan-Collor. E o tucano fez questão de destacar que partido havia ficado com Ideli porque respeita o princípio da proporcionalidade etc. Vá lá... Ainda que assim fosse, a única coisa razoável a um partido de oposição, ontem, era lembrar quem assinou a absolvição de Renan. Até porque, finda a entrevista, Mercadante, Renan e Collor continuarão a dividir os benefícios de ser governo. E Virgílio, na oposição, continua a chupar o dedo.
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