quarta-feira

Bruno Garschagen entrevista Olavo de Carvalho

"Em 2007, quando comecei a colaborar com a revista Atlântico, de Lisboa, fiz uma lista de pessoas do Brasil que eu gostaria de apresentar aos portugueses leitores da revista. Era uma forma de restabelecer uma aproximação cultural entre os dois países que não se limitasse à esfera diplomática e governamental. Mediante aulas, cursos e divulgação de idéias pelos jornais, revistas, site e talkradio, Olavo segue com seu trabalho abnegado de construir um pensamento original e tentar formar uma elite intelectual". Bruno Garschagen Leia entrevista aqui

quinta-feira

Baderna: Estamos Vencendo ...

CESARE BATTISTI E A ARISTOCRACIA DO TERROR DE ESQUERDA

O ministro da Justiça, Tarso Genro, diz ter passado dias estudando a fundo o caso do terrorista italiano Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua na Itália pelo assassinato de quatro pessoas. E, parece, concluiu que há motivos razoáveis para duvidar do processo legal italiano. Faço de novo o convite para que vocês leiam a íntegra do despacho em que ele concede refúgio político a Battisti. Tentarei saber detalhes a respeito, mas creio que Tarso — ou quem quer que tenha redigido para ele aquela estrovenga — tenha produzido uma peça realmente única, inovadora também no que concerne às relações internacionais.

Conforme ironizam leitores de jornais da Itália, talvez a população do país devesse ser grata ao Brasil. Afinal, haveria o risco de o sujeito ter a pena mudada por lá. E, cheios de sarcasmo, observam: “Ainda viraria senador”... Assim, dizem, melhor que o assassino fique mesmo “por lá” (por aqui)... Isso não anula o fato de que o despacho de Tarso Genro vai muito além do aceitável e palmilha o terreno da ofensa às instituições italianas e, particularmente, à Justiça. Por que digo isso?

Tarso acusa o país de ter recorrido a leis de exceção para combater o terrorismo. Isso não é uma ilação minha, mas trecho do seu texto: “Situações de emergência como a italiana – no caso, a luta contra a fúria assassina que redundou no assassinato de Aldo Moro – motivam uma preocupação candente com o funcionamento dos aparatos repressivos. É fundamental, porém, que jamais seja aceita a derrogação dos fundamentos jurídicos que socorrem os direitos humanos. No caso italiano, as possibilidades para que os abusos ocorressem estavam dadas pelo próprio ordenamento jurídico forjado nos ‘anos de chumbo’”.

Muito bem! Ainda que isso fosse verdadeiro e que o estado democrático e de direito italiano tivesse recorrido a leis de exceção, pergunta-se: em que essas supostas leis alteram o caso de Cesare Battisti? Isso Tarso não diz, não demonstra, não evidencia. E não custa destacar que o trecho deixa entrever a suspeita de que a Itália desrespeitou os direitos humanos.

QUESTÃO HISTÓRICA
A Itália só conseguiu pôr termo ao terrorismo no país quando os homicidas pararam de ser julgados como criminosos políticos e passaram a ser considerados criminosos comuns. Isso não foi uma regressão do direito, não. Ao contrário. Tirava-se do homicídio o status de ato político. Tarso resolve jogar no lixo essa história e crava em seu despacho o que segue em vermelho:
Não resta a menor dúvida, independentemente da avaliação de que os crimes imputados ao recorrente sejam considerados de caráter político ou não – aliás inaceitáveis, em qualquer hipótese, do ponto de vista do humanismo democrático – de que é fato irrefutável a participação política do Recorrente, o seu envolvimento político insurrecional e a pretensão, sua e de seu grupo, de instituir um poder soberano “fora do ordenamento”. Ou seja, de constituí-lo pela via revolucionária através da afronta política e militar ao Estado de Direito italiano (...)

Peço que releiam o que vai em destaque. Observem que o ministro afirma que os crimes, políticos ou não, são “inaceitáveis do ponto de vista do humanismo democrático”. Ora, “inaceitável” quer dizer “inaceitável”, certo? Mais ou menos. Em seguida, ele lembra “o envolvimento político insurrecional e a pretensão, sua [de Battisti] e de seu grupo, de instituir um poder soberano ‘fora do ordenamento’”. E aqui está a essência imoral da decisão do ministro.

Como se vê, Tarso é obrigado a considerar que matar inocentes está fora das coisas aceitáveis. Por que, então, o assassino se torna merecedor do refúgio? Por causa de sua militância política. Mas estamos falando de, sei lá, um humanista ou democrata lutando contra a tirania? Não! Trata-se de um terrorista que matou pessoas para tentar derrubar um estado democrático e de direito e implementar um regime comunista. O que está escrito daquelas torpes linhas assinadas por Tarso Genro é que, não fosse a vinculação de Battisti com a esquerda armada, fosse ele um assassino comum, já teria sido despachado de volta para a Itália. Mas quê... Ele matou quatro pessoas E tinha uma causa. Vejam que, segundo o texto do ministro, nem é preciso escrever “Ele matou quatro pessoas em nome de sua causa”. Basta coordenar os elementos: ele matou E tinha uma causa.

OS ESQUERDISTAS INVENTARAM A ARISTOCRACIA DOS HOMENS COM CAUSA, AOS QUAIS TUDO É PERMITIDO. Nada a estranhar. Todo o esforço revanchista para rever a Lei da Anistia no Brasil, sob o pretexto de punir torturadores, assenta-se no que seria uma exceção moral da esquerda: quando ela pratica terrorismo, está, como é mesmo?, apenas se comportando como “sujeitos não-substanciais que tendem a se manifestar como pura potência disruptiva e negativa”. Fosse Battisti um neofacista e condenado pelos mesmos crimes, estaria merecendo esse tratamento? É claro que não! E NÃO DEVERIA MERECER MESMO! E eis uma das nossas diferenças: eu considero que lugar de assassino, de direita ou de esquerda, é a cadeia. Os esquerdistas acreditam que a cadeia foi feita apenas para o inimigo. Afinal, eles são os portadores do futuro. Prendê-los seria prender o sonho de liberdade (nossa, tive de conter as contrações do estômago e esôfago ao escrever isso...).

Até a esquerda italiana ficou um tanto estupefata. Tarso diz ter estudado tudo direitinho. Ele estudou, sim, mas eram os argumentos do também petista Luiz Eduardo Greenhalgh, advogado de Battisti. O despacho do ministro:
- põe em dúvida a isenção da Justiça italiana;
- faz considerações erradas e desairosas ao estado italiano;
- chega a equiparar os crimes dos terroristas a supostos arreganhos autoritários do estado;
- ataca de maneira estúpida um dos recursos usados pela Justiça daquele país (e com eficiência) para conter o terror: considerar seus assassinatos crimes comuns;
- acusa, de modo oblíquo, mas claro, o atual estado italiano — O DE AGORA, NÃO O DO PASSADO — de promover perseguição política.

Tarso diz ter sido apenas técnico? Tão técnico quanto ele é quando quer rever a Lei da Anistia


BATTISTI E O LIVRO: "BADERNA: ESTAMOS VENCENDO"


Ah, sim: Cesare Battisti, terrorista italiano, conta até com um site, sabem? É o cesarelivre.org — caso tenham estômago, divirtam-se. A página está em nome de Pablo Ortellado, um professor da USP-Zona Leste, conforme se vê abaixo, na transcrição que faço do registro:

Domain ID:D152048576-LROR
Domain Name:CESARELIVRE.ORG
Created On:18-Mar-2008 20:15:46 UTC
Last Updated On:02-Jan-2009 18:48:22 UTC
Expiration Date:18-Mar-2009 20:15:46 UTC
Sponsoring Registrar:Gandi SAS (R42-LROR)
Status:CLIENT TRANSFER PROHIBITED
Registrant ID:PO578-GANDI
Registrant Name: Pablo Ortellado

Ortellado é ligado ao Centro de Mídia Independente, uma ONG internacional de esquerda, presente em vários países do mundo. Uma de suas diretrizes é o combate implacável a Israel — anti-semitismo sem subterfúgios. Ortellado é autor de um livro cujo título não deixa a menor dúvida: Baderna: Estamos Vencendo – Resistência Global no Brasil.

Como se vê, Battisti parece, a exemplo dos lobos, ter trocado de pêlos, mas não de vício. As coisas começam a ficar mais claras, leitor amigo? Seus advogados dentro e fora do governo começam a fazer mais sentido.

Convenham: eles têm razão em achar que a baderna está vencendo.

Blog Reinaldo Azevedo

sexta-feira

Mentes Opacas


O Congresso nem reabriu os trabalhos e já está cheio de ideias. Algumas até mereceriam comparação com fabulações produzidas em cérebros rudimentares, não fosse o risco de se entrar no perigoso terreno da injustiça. Para com os irracionais de nascença.
Não bastasse a ausência do item recuperação moral do Legislativo na agenda do debate sobre a eleição nas novas presidências da Câmara e do Senado, diante do quadro de autodesmoralização galopante aos parlamentares só ocorre abrir combate contra o Poder Judiciário.Grosso modo, as propostas visam a retirar prerrogativas do Supremo Tribunal Federal e fixar mandato para o posto de ministro, hoje assegurado até a aposentadoria aos 70 anos de idade.
No detalhe, fala-se em garantir agilidade a julgamento de processos eleitorais, em modificar as regras de acesso ao cargo de juiz, em criar punições a procuradores que divulgarem denúncias infundadas, uma série de providências que à primeira vista parecem muito bem-intencionadas.
À segunda, entretanto, revelam-se o que realmente são: uma tentativa de vingança contra o chamado ativismo dos magistrados. O Congresso faz parecido quando se sente muito criticado e ameaça endurecer a lei de imprensa. Para intimidar, nada mais.Sob a alegação de impedir a usurpação de poderes, o Legislativo se propõe a interferir diretamente no processo judicial, inclusive determinando o tempo de julgamento de uma ação; oito meses da primeira à última instância, no caso de crimes eleitorais.
Uma barbaridade que equivaleria ao Judiciário determinar ao Legislativo quanto tempo uma proposta deve tramitar - da apresentação à votação no plenário - na Câmara e do Senado.Não que o Poder Legislativo não possa - aliás, deve - corrigir distorções, interferir quando necessário sem que isso signifique extrapolação. Assim faz o Judiciário.Mas o propósito aqui não é aprimorar processo nenhum, é retomar a situação anterior à qual o deputado Flávio Dino define como a de “um tribunal historicamente mais técnico que político”.
De maneira oblíqua, o deputado fala de episódios de omissão travestidos de respeito à independência dos Poderes - uma condição realmente bastante mais confortável que a fustigação permanente por parte do Judiciário, provocada não apenas pelo perfil dos magistrados, mas, sobretudo, pelo fato de o Legislativo abrir mão de suas prerrogativas de uma maneira tão leviana quanto preocupante.
O elenco de exemplos é farto e amplamente citado. Mas um pouco lembrado é o dos processos contra parlamentares. Critica-se o Judiciário pela ausência de punições a autoridades com foro privilegiado, mas hoje ao menos são abertos inquéritos e vários se transformam em processos.
Quando (até 2001) a Justiça dependia de autorização do Legislativo, na quase totalidade dos casos nem se iniciavam ações. O Congresso simplesmente não autorizava e ponto final.
Esse tipo de situação pode ser melhor para os parlamentares individualmente, mas é ruim para a instituição e bem pior para a República.Fala-se do perigo de concentração de poder. Um sofisma, pois se todos os Poderes atuarem à altura do que lhes confere (e obriga) a Constituição não há ultrapassagem de limites.
Há, sim, o cumprimento correto, e natural, do conceito de equivalência entre eles.A ofensiva do Legislativo contra o Judiciário é uma típica tentativa de criar um caso onde não existem desavenças nem deformação institucional alguma. Trata-se apenas da defesa unilateral do retrocesso em causa própria.
Acesa a chamaAo que parece o deputado Aldo Rebelo se candidata a presidente da Câmara por motivos assemelhados aos que o levaram a se candidatar a prefeito de São Paulo, no ano passado, até tornar-se vice de Marta Suplicy.
No início de 2008, o deputado do PC do B justificou sua candidatura a prefeito dizendo que “a esquerda” não tinha muito mais o que fazer na base de apoio a Lula depois que o presidente optou por uma aliança preferencial com o PMDB, a “centro-direita” no jargão vigente.
Quando os pemedebistas aderiram ao prefeito Gilberto Kassab, Aldo - muitíssimo a contragosto, diga-se - foi convencido a fazer o caminho de volta e ficou com o PT, sabendo que seu grupo acabaria engolido e continuaria sendo tratado como prata da casa, fava contada.
Se o critério agora for o mesmo adotado na época, a candidatura de Aldo Rebelo à presidência da Câmara tem a finalidade de preservar espaços dos pequenos, tradicionais, mas não necessariamente eternos aliados do PT.
Quanto ao desfecho, pode haver dois: se a disputa no Senado provocar um rompimento entre PT e PMDB, Rebelo será chamado a reforçar a tropa petista; na hipótese mais provável do entendimento entre os dois principais parceiros da coligação, fica mantida a candidatura.

domingo


Lula adianta viagem a Salvador para fugir da imprensa

Comenta-se que foi a primeira-dama quem pediu ao presidente para adiantar a viagem
TIAGO DÉCIMO - Agencia Estado


SALVADOR - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou neste sábado, 3, em Salvador, com um objetivo específico: fugir do assédio da imprensa e de curiosos - o que não estava conseguindo fazer em Fernando de Noronha, em Pernambuco, onde ficou durante a semana. Nos bastidores, comenta-se que foi a primeira-dama, Marisa Letícia, incomodada com as frequentes abordagens, quem pediu ao presidente para adiantar a viagem à capital baiana, inicialmente prevista para no domingo, 4.Lula desembarcou, com a mulher, dois filhos, as noras e dois netos, na Base Aérea de Salvador, de onde seguiu de helicóptero para a Praia de Inema, na Base Naval de Aratu, a 35 quilômetros do centro da capital baiana. Ali, foi montado um forte esquema de segurança para que o presidente e sua família não sejam incomodados. http://www.estadao.com.br/nacional/not_nac302100,0.htm