Conversa com Gabeira
Leia aqui o artigo completo: "Conversa com Gabeira", de Rodrigo Constantino
Para nossa tristeza, finalmente estamos colhendo o que plantamos no Brasil. Na escalada de violência que vivenciamos, faltava mesmo um repórter seqüestrado e os encapuzados na televisão fazendo ameaças em rede nacional. Afinal de contas, este é um país onde a televisão está cheia de promotores, juízes, jornalistas e intelectuais com pena dos bandidos. Deveria ser o inverso, mas não é. Vai ver os bandidos cansaram de ser representados e decidiram eles mesmos venderem seu peixe.
Dia desses, um desembargador encheu o peito em um programa para fazer uma brilhante tese sobre a “absoluta falência da pena de prisão no mundo”, de maneira que segundo ele, “não adianta prender”. Excelente constatação. Em casa, 90% dos telespectadores estavam indignados com a asneira. No estúdio, um jornalista concordava com o magistrado.
Enquanto isso, o presidente do governo que criou o mensalão continua lépido e faceiro, gozando invejáveis índices de pesquisa. E os mensaleiros absolvidos estão por aí rindo da cara dos brasileiros honestos. São esses homens que fazem as leis, e, portanto, é natural que as leis sejam ridiculamente frágeis para garantir-lhes a impunidade. E o ciclo se realimenta. Um povo que tolera um Lula, um ACM, um Jader Barbalho, um professor Luizinho, um Sarney (oh Deus, são tantos!), inevitavelmente acabaria tolerando as regras impostas pelo crime violento.
Enfim, em um país onde parte considerável dos homens de decisão só pensa em se fartar no banquete da roubalheira, além de conceder direitos, direitos, direitos, e jamais deveres, é natural que o PCC tenha chegado à televisão. Em breve, para garantir a participação no Big Brother da Globo estarão seqüestrando juízes, promotores, senadores, deputados, secretários de Estado, etc. O PCC descobriu que o caminho da roça é mais simples do que pensava.
Estamos colhendo tudo o que plantamos. E a colheita está apenas começando.
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