quinta-feira

Governo federal gastou mais de R$ 75 milhões com cartão corporativo em 2007

Brasília - O governo federal gastou mais de R$ 75 milhões com despesas de cartões corporativos, segundo dados divulgados pela Controladoria-Geral da União. Os cartões foram criados para os portadores comprarem equipamentos e material para uso de todos os órgãos da administração pública, e para cobrir despesas em viagens. No ano passado, o maior gasto com o cartão, R$ 34,44 milhões, foi do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, seguido pela Presidência da República, R$ 16,07 milhões, e o Ministério da Educação, R$ 5,02 milhões. Entre os órgãos do Planejamento que mais gastaram está o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – R$ 34,37 milhões, praticamente todo o gasto do ministério, que informou que com os recursos foram cobertas despesas com as pessoas que trabalharam na realização do Censo Agropecuário e da contagem populacional em 2007. Já na Presidência da República quem mais usou o cartão foi a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) – R$ 11,55 milhões, mas as informações sobre os gastos estão protegidas por sigilo. No Ministério da Educação, o maior gasto (R$ 1,23 milhão) coube à Fundação Universidade de Brasília (FUB), que informou ter aplicado os recursos em compras de material de papelaria, equipamentos de informática, custos com envio de correspondência, entre outros. G1


sexta-feira

Lula mente em defesa do projeto

Transposição do rio São Francisco: Presidente procura deslegitimar opositores da obra com argumentos falsos

Luís Brasilino, Brasil de fato, da Redação

Depois de fazer vista grossa aos seguidos apelos de frei Luiz Flávio Cappio para debater, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a se pronunciar a respeito da transposição do rio São Francisco no primeiro dia da greve de fome, 27 de novembro.
Em entrevista à TV Record, ele disse: “O bispo me coloca numa situação complicada, porque eu tenho que escolher entre ele, que está fazendo uma greve de fome premeditada, e 12 milhões de nordestinos que precisam da água para sobreviver”.
Essa não é a primeira vez que o presidente procura deslegitimar os opositores do projeto jogando-os contra a população do Semi- Árido, a qual seria, supostamente, beneficiada pela obra. Em artigo publicado pelo Brasil de Fato, em outubro, o sociólogo Ruben Siqueira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT) lembra que “volta e meia Lula diz que só é contra a transposição de águas do rio São Francisco ‘quem tem água Perrier na geladeira’”.
Ao adotar tal postura, o presidente ignora os 34 anos que frei Luiz dedicou à população pobre que vive às margens do rio São Francisco. Em 1993, por exemplo, Cappio iniciou uma caminhada de um ano, da nascente até a foz, com o objetivo de se reunir com as comunidades para discutir a importância de preservar o rio.
Com suas declarações, Lula também relega a história de diversas organizações sociais e populares que se posicionam contra a transposição, como a Via Campesina e a Articulação do Semi-Árido (fórum que reúne mais de 750 instituições da sociedade civil na região).

Propaganda enganosa
Pior, para entidades e especialistas no Semi-Árido, o presidente mente ao afirmar que a transposição levará água para 12 milhões de pessoas. Em carta ao “Povo do Nordeste” divulgada no dia 29 de novembro, frei Luiz explica:
“A seca não é um problema que se resolve com grandes obras. Foram construídos 70 mil açudes no SemiÁrido, com capacidade para 36 bilhões de metros cúbicos de água. Faltam as adutoras e canais que levem essa água a quem precisa. Muitas dessas obras estão paradas, como a reforma agrária, que não anda. Levar maiores ou menores porções do São Francisco vai tornar cara toda essa água existente e estabelecer a cobrança pela água bruta em todo o Nordeste. O povo, principalmente das cidades, é quem vai subsidiar os usos econômicos, como a irrigação de frutas nobres, criação de camarão e produção de aço, destinadas à exportação. Assim já acontece com a energia, que é mais barata para as empresas e bem mais cara para nós. Essa é a verdadeira finalidade da transposição, escondida de vocês. Os canais passariam longe dos sertões mais secos, em direção de onde já tem água.”

Comprovação científica
Existem estudos técnicos de sobra para embasar a colocação de frei Luiz. Um documento de outubro de 2004 da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), por exemplo, alerta para os riscos de se estabelecer sérios conflitos entre os Estados doadores e os receptores, uma vez que o projeto do governo federal prevê a retirada de até 47% das águas disponíveis do rio São Francisco.
Até mesmo o Banco Mundial emitiu, em outubro de 2005, parecer contrário à obra. A instituição multilateral recomenda que, antes da transposição, sejam realizadas ações para evitar a escassez de água e garantir a segurança hídrica do Nordeste. Já a Agência Nacional de Águas (ANA) não incluiu o projeto no seu Atlas do Nordeste, de dezembro de 2006, com 530 obras alternativas para garantir o abastecimento de mais de 1.300 municípios e de 34 milhões de habitantes da região.

Desnecessária João Abner, hidrólogo da Universidade Federal do Rio Grande Norte, revela que não existe nos Estados do Nordeste déficit hídrico, justificativa utilizada pelo governo para fazer a transposição. Para ele, a obra é uma injustiça com os povos que vão doar a água (alagoanos, baianos, mineiros, pernambucanos e sergipanos). Estes possuem uma disponibilidade hídrica de 360 metros cúbicos por segundo (m³/s) para abastecer uma população de 13 milhões de pessoas.
Já o Ceará, por exemplo, que vai receber as águas da transposição, possui 215 m³/s para 7,5 milhões de pessoas. Segundo Abner, o mesmo acontece com o Rio Grande do Norte. Ou seja, tem menos água nos locais por onde o Velho Chico passa, e não o contrário. Além disso, o professor acredita que a transposição vai elevar em cinco vezes o custo da água.

Quanto
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vezes mais cara ficará a água se a transposição for concluída.

quinta-feira

Na dúvida feche com a Revista

Comunique-se

O editor da revista piauí Marcos Sá Corrêa afirmou nesta terça-feira (08/01) que as acusações de supostas inverdades na entrevista com José Dirceu, apontadas pelo próprio ex-deputado, não procedem. “A reportagem não foi feita nem para contentá-lo, nem para descontentá-lo”, diz Marcos Sá Corrêa. O ex-ministro da Casa Civil do governo Lula concedeu a entrevista de 11 páginas à repórter Daniela Pinheiro, publicada na edição desde mês da piauí. A jornalista não gravou as conversas. No relato sobre José Dirceu de Oliveira e Silva, atual consultor de empresas, muitas delas de veículos de comunicação, como a Gazeta Mercantil e o Jornal do Brasil, e de milionários do ramo como o mexicano Carlos Slim, com negócios no mercado de TV a cabo brasileiro, surgem duas principais polêmicas entre esse mineiro de Passa Quatro e a revista da editora Alvinegra: caixa 2 no financiamento do PT gaúcho e críticas teoricamente feitas por Dirceu ao filho do presidente Lula.

Caixa 2 no PT gaúcho?

José Dirceu teria dito que a sede do PT do Rio Grande do Sul foi construída com verba irregular. À página 27, há o seguinte trecho entre aspas: “foi feita com dinheiro de caixa 2. Era com mala de dinheiro”, teria dito o ex-deputado cujo mandato foi cassado por supostamente pagar propina a deputados para aprovarem projetos de interesse do governo Lula, fato nacionalmente conhecido como mensalão. Segundo o editor Marcos Sá Corrêa, Dirceu teria rememorado de “livre e espontânea vontade” as suspeitas de irregularidades no PT gaúcho. “Você só invoca aquilo que quer que publiquem”, disse, mantendo a acusação de Dirceu. José Dirceu, contudo, enviou nota à imprensa e escreveu notas em seu blog, alegando estar incorreta essa informação, dentre outras. O ex-deputado informou ao Comunique-se, por meio de sua assessoria de imprensa, que não teria sentido atribuírem a ele uma denúncia contra o PT gaúcho se a própria Justiça indeferiu a acusação. Teria questionado apenas a falta de solidariedade de alguns líderes do PT gaúcho para com ele.

Segunda questão: queixas ao filho de Lula?

Outra informação questionada pelo ex-deputado é a respeito do filho do presidente Lula, Fábio Luiz da Silva, cuja empresa de jogos de computador, a Gamecorp, teria recebido um investimento de R$ 5,2 milhões da ex-Telemar, atual Oi. Dirceu disse que não falou do referido filho do presidente Lula na entrevista mas, sim, sobre o jornalista Luís Costa Pinto, conhecido como Lula. A repórter Daniela Pinheiro, no entanto, afirma que o filho do presidente teria inventado supostos diálogos de Dirceu. Como conseqüência, à página 29, encontra-se o seguinte trecho: “Dirceu se queixou (de Lulinha) e a resposta (do filho do presidente) foi surpreendente: ‘Ah, mas isso não tem problema, não, é só um detalhe.’” Ao que Dirceu teria respondido: “O que é isso, Lulinha, você está ficando bobo? Isso é seriíssimo.” Mais adiante, na entrevista, Lula teria comentado as reclamações de Dirceu sobre o filho do presidente. “Você vai ficar enchendo meu saco por causa do Lulinha, Zé Dirceu?” O editor da piauí diz que esse último trecho justificaria a menção à Fábio Luiz da Silva. “Não consigo imaginar o chefe da Casa Civil e o presidente da República conversando sobre uma pessoa que fosse um jornalista”, afirmou. Dirceu disse, via assessoria, ter combinado com a repórter que não falaria sobre Gamecorp ou sobre o presidente.

Chuva de polêmicas

O blog de Dirceu enumera mais quatro ressalvas quanto à reportagem que, no geral, acredita ter sido um relato “correto” sobre sua pessoa. As demais informações, consideradas factuais pelo editor da piauí, como a presença ou não do tesoureiro Delúbio Soares num jantar com Dirceu e os atuais deputados federais Antônio Palocci e José Genuíno, a correção de que o consultor era presidente da União Estadual de Estudantes de São Paulo (UEE-SP), em vez da União Nacional dos Estudantes (UNE), e ainda a de que José Oviedo foi conselheiro político da Embaixada da República Dominicana em Brasília e não embaixador, serão revistas e corrigidas. “Nossa relação é com os leitores, com quem não devemos errar”, disse o editor.

Ponto para a piauí

A entrevista com o ex-deputado José Dirceu fez sucesso, mas a editora nem previa tanto. Dos 60 mil exemplares, já se esgotaram os números para a capital Porto Alegre, onde se trava o caso do suposto caixa 2. Os exemplares serão remanejados de sobras de outras bancas para contemplar os leitores interessados na revista até o fim do mês.
Jamildo Melo