O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) divulgou, em nome do partido, uma dura nota sobre a elevação da taxa de juros, decidida pelo Banco Central. Basicamente, o texto acusa o que considera falta de coerência da política econômica: severa do ponto de vista monetário, mas relaxada em matéria de gastos públicos. Há tempos aquele que é o maior partido de oposição não falava tão duro com o governo em matéria econômica. Leia a íntegra:
NOTA SOBRE AUMENTO DOS JUROS
SENADOR SÉRGIO GUERRA, PRESIDENTE NACIONAL DO PSDB
No mesmo dia em que a imprensa noticia que a inflação tornou-se mais moderada, o Banco Central aumentou as taxas de juros. Passou um sinal para os agentes econômicos que a inflação é incontrolável, movimento que por si só é capaz de acelerar a inflação, ou melhor, levar-nos para a estagflação, que já ameaça a segunda metade do governo Lula.
O Brasil continua com a maior taxa real de juros do planeta, disparado: agora a taxa real de juros é de 7,2% ao ano, várias vezes maior do que a média mundial. Esse exagero transforma o Brasil no paraíso da especulação, é dinheiro que entra para faturar ganhos financeiros que nenhum outro país oferece. Na prática a economia brasileira foi transformada no paraíso dos especuladores.
O Brasil não reduziu as taxas de juros em termos reais tanto quanto deveria ter feito durante os anos de bonança. Por essa razão o país cresceu abaixo de países da América Latina e de outras economias emergentes. Agora novamente esses juros monumentais vão aumentar o déficit público.
Cada ponto percentual a mais na taxa Selic representa uma despesa fiscal anual de R$ 11 bilhões, quase o mesmo que se gasta com o Bolsa Família, e que vão ainda mais a valorização da taxa de câmbio. Uma reação que desestrutura a economia doméstica em função da mais sobre-valorizada taxa de câmbio da nossa história, cujos efeitos para a atividade econômica podem ser devastadores, corroendo cada vez mais a competitividade econômica do país.
Junto vai para cima o déficit da balança de pagamentos, verdadeira praga histórica da economia brasileira e que costuma produzir, cedo ou tarde, crises na economia por causa das inevitáveis desvalorizações que se seguem após períodos de farra cambial.
Vale lembrar que o passivo externo da economia brasileira já era de US$ 574 bilhões em dezembro do ano passado, e o governo nem pode argumentar que aquele déficit está aumentando investimentos na economia, pois as importações de bens de capital explicam somente 25% da elevação das importações entre o 1º semestre de 2007 e o 1º semestre deste ano. Os outros 75% foram para o consumo e para substituir a produção doméstica.
O governo Lula faz hoje uma política econômica esquizofrênica: expande a taxa de juros real para conter a demanda da economia e eleva a despesa fiscal com o aumento dos juros, além de ampliar de maneira irresponsável os gastos federais com avalanches de contratações e aumentos de salários.
Só neste ano foram 56 mil novas contratações entre carreiras e funções comissionadas. Esses aumentos vão resultar numa expansão de 53% da folha do Tesouro Nacional até 2012. Essa é a verdadeira política antiinflacionária do governo Lula, que deixa de fazer o que seria certo: primeiro, conter o vertiginoso aumento dos gastos correntes, uma verdadeira farra fiscal, comprometendo o futuro do Brasil e jogando o peso da gastança para os próximos governos; segundo, limitar a expansão do crédito.
Ambas as medidas tirariam o pretexto para elevar os juros, a supervalorização do câmbio e o aumento do déficit fiscal. A adoção delas implica o funcionamento de um governo austero e competente do ponto de vista gerencial, capaz de se controlar e trabalhar com responsabilidade.
Seguindo pelo caminho mais fácil para si e o pior para o país, o governo Lula escolhe um rumo que vai aprisionar o Brasil numa tesoura de três lâminas: explosão de gastos correntes permanentes, câmbio ferozmente sobre-valorizado e os juros mais altos do mundo.
Uma tesoura que tira cada vez mais o raio de manobra da política econômica e que ao longo do tempo irá cortar a fundo o tecido social e econômico do Brasil.
Brasília, 24 de julho de 2008
NOTA SOBRE AUMENTO DOS JUROS
SENADOR SÉRGIO GUERRA, PRESIDENTE NACIONAL DO PSDB
No mesmo dia em que a imprensa noticia que a inflação tornou-se mais moderada, o Banco Central aumentou as taxas de juros. Passou um sinal para os agentes econômicos que a inflação é incontrolável, movimento que por si só é capaz de acelerar a inflação, ou melhor, levar-nos para a estagflação, que já ameaça a segunda metade do governo Lula.
O Brasil continua com a maior taxa real de juros do planeta, disparado: agora a taxa real de juros é de 7,2% ao ano, várias vezes maior do que a média mundial. Esse exagero transforma o Brasil no paraíso da especulação, é dinheiro que entra para faturar ganhos financeiros que nenhum outro país oferece. Na prática a economia brasileira foi transformada no paraíso dos especuladores.
O Brasil não reduziu as taxas de juros em termos reais tanto quanto deveria ter feito durante os anos de bonança. Por essa razão o país cresceu abaixo de países da América Latina e de outras economias emergentes. Agora novamente esses juros monumentais vão aumentar o déficit público.
Cada ponto percentual a mais na taxa Selic representa uma despesa fiscal anual de R$ 11 bilhões, quase o mesmo que se gasta com o Bolsa Família, e que vão ainda mais a valorização da taxa de câmbio. Uma reação que desestrutura a economia doméstica em função da mais sobre-valorizada taxa de câmbio da nossa história, cujos efeitos para a atividade econômica podem ser devastadores, corroendo cada vez mais a competitividade econômica do país.
Junto vai para cima o déficit da balança de pagamentos, verdadeira praga histórica da economia brasileira e que costuma produzir, cedo ou tarde, crises na economia por causa das inevitáveis desvalorizações que se seguem após períodos de farra cambial.
Vale lembrar que o passivo externo da economia brasileira já era de US$ 574 bilhões em dezembro do ano passado, e o governo nem pode argumentar que aquele déficit está aumentando investimentos na economia, pois as importações de bens de capital explicam somente 25% da elevação das importações entre o 1º semestre de 2007 e o 1º semestre deste ano. Os outros 75% foram para o consumo e para substituir a produção doméstica.
O governo Lula faz hoje uma política econômica esquizofrênica: expande a taxa de juros real para conter a demanda da economia e eleva a despesa fiscal com o aumento dos juros, além de ampliar de maneira irresponsável os gastos federais com avalanches de contratações e aumentos de salários.
Só neste ano foram 56 mil novas contratações entre carreiras e funções comissionadas. Esses aumentos vão resultar numa expansão de 53% da folha do Tesouro Nacional até 2012. Essa é a verdadeira política antiinflacionária do governo Lula, que deixa de fazer o que seria certo: primeiro, conter o vertiginoso aumento dos gastos correntes, uma verdadeira farra fiscal, comprometendo o futuro do Brasil e jogando o peso da gastança para os próximos governos; segundo, limitar a expansão do crédito.
Ambas as medidas tirariam o pretexto para elevar os juros, a supervalorização do câmbio e o aumento do déficit fiscal. A adoção delas implica o funcionamento de um governo austero e competente do ponto de vista gerencial, capaz de se controlar e trabalhar com responsabilidade.
Seguindo pelo caminho mais fácil para si e o pior para o país, o governo Lula escolhe um rumo que vai aprisionar o Brasil numa tesoura de três lâminas: explosão de gastos correntes permanentes, câmbio ferozmente sobre-valorizado e os juros mais altos do mundo.
Uma tesoura que tira cada vez mais o raio de manobra da política econômica e que ao longo do tempo irá cortar a fundo o tecido social e econômico do Brasil.
Brasília, 24 de julho de 2008
1 Comentários:
O Senador está fazendo sua obrigação.
Mas sem muita fé.
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