sábado

Censura

Imprensa do Acre é proibida de cobrir as eleições

Os jornais e as emissoras de rádio e TV locais de Rio Branco, capital do Acre, estão proibidos de divulgar qualquer notícia sobre as eleições municipais desde 21 de julho. A decisão foi do juiz da 1ª Vara Cível de Rio Branco, Aldair José Longuini que acusa os meios de comunicação de "baixar o nível" durante a cobertura das eleições. O juiz também alega que há muitos jornalistas ligados indiretamente a políticos locais, o que poderia favorecer alguns candidatos. A Justiça Eleitoral, baseada nas determinações do juiz, já multou em cerca de R$ 220 mil quatro jornais e duas emissoras de TV por publicarem entrevistas ou declarações de candidatos à prefeitura.

Para o juiz, a campanha eleitoral de Rio Branco deve se restringir a anúncios pagos, ocupando no máximo um oitavo de página, no caso da mídia impressa, e à propaganda eleitoral gratuita, no caso de rádios e televisões. Em protesto, os jornais resolveram publicar receitas de bolo e dicas de moda e decoração nos espaços que seriam normalmente utilizados para a noticiário político. Para o diretor-geral do jornal "A Gazeta", Sílvio Martinello, os juízes e promotores do estado "confundem opinião com notícia e com publicidade", como protesto publicou em sua coluna a receita da "farofa com bunda de tanajura". O jornal já enviou um advogado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para tentar reverter a decisão da Justiça Eleitoral local.

A decisão da Justiça do Acre provocou reações de jornalistas de todo país. Carlos Chagas, professor da Universidade de Brasília e ex-comentarista político da TV Manchete, diz que "a história só se repete como farsa. A notícia é tão escandalosa que dá vontade de rir". Para o colunista da Folha de São Paulo, Elio Gaspari, "o jornal tem o direito de publicar o que ele quiser". Segundo ele, "o veículo tem posições editoriais e pode escolher a linha que seus diretores acharem conveniente. Se assim desejar, o jornal pode até publicar mentiras, desde que arque com as conseqüências, pois há leis federais que punem abusos relacionados à imprensa", finalizou.


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